quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Dois é muito melhor (?)

Não importa o que aconteça, todos são iguais até dormirem juntos.

As pessoas vivem buscando o encontro perfeito, o casamento perfeito, mas o máximo que conseguem é o acasalamento perfeito. As diferenças, por mais que se queira disfarçar, logo aparecerão. É duro ter que admitir isso, mas não se pode ocultar coisas fáticas que aparecem com o passar do tempo sem nenhum aviso.

Falando unicamente de relacionamentos afetivos, é difícil entender a alma humana e suas características personalísticas.

Aceitar as diferenças é uma condição muito difícil para o ser humano, principalmente diante do modernismo que tornou as pessoas mais independentes, as mulheres mais liberais e os homens mais inseguros quanto à sua perfeição masculina, ao inibir o machismo exacerbado.

O início dos relacionamentos é sempre igual, em qualquer parte do planeta. O jogo da sedução é a perfeição do que se espera em todo o universo da relação. O olhar, o sorriso meio escondido, a troca de confidências e segredos sem dizer uma só palavra, é o tempero ideal para provocar o interesse e despertar o desejo dos amantes. O processo da sedução é o momento mágico que libera os sonhos e fantasias, mesmo daqueles mais recatados, que traz a esperança aos corações daqueles que já a tinham perdido e não acreditavam mais que poderiam encontrar sua alma gêmea. Mesmo quando isso acontece apenas por acaso, quando não há busca alguma, quando não há interesses maiores, esse é um momento de pura magia que enche de alegria nossos corações e faz brilhar os olhos de felicidade, trazendo esperança para a vida afetiva e nos renova mostrando que estamos vivos e ainda podemos fazer muitas outras coisas. Na verdade esse movimento meche não só com a afetividade hormonal como também com tudo que gira ao redor do nosso mundo. Talvez por isso, o homem é tão inconstante e persegue tanto outras oportunidades na vida.

Por falar em alma gêmea, difícil mesmo é saber se ela existe de verdade ou é apenas uma desculpa para continuarmos na busca enquanto vivemos. A alma gêmea, ou a outra metade da laranja pode até existir, mas, muitas vezes (a maioria das vezes, na verdade), é doce no início, mas começa a ficar azeda logo depois da segunda chupada, se é que me fiz entender. Por isso não dá pra chegar ao fim, afinal limão só com açúcar e, onde está o açúcar? Na cozinha do vizinho, no supermercado, no bar, enfim em qualquer outro lugar, menos junto da gente.

Não adianta ficar procurando eternamente por algo que sabemos não existir com a intensidade que buscamos, ou seja, ou aceitamos a metade azeda da laranja ou a mandamos pra escanteio e continuamos o jogo na prorrogação, começando do zero a zero.

Um amigo perguntou-me, como eu podia falar com tanta experiência sobre o assunto relacionamento se eu só me casei duas vezes. Ora, é muito simples amigo, afinal bastam duas experiências e uma tentativa para se extrair experiências e tirar todas as conclusões possíveis.

Detalhando um pouco mais, posso afirmar que, apesar dessa “pouca” experiência, tenho a meu favor a história, que não mudou em nada, nem comigo nem com os meus amigos que continuam casados e sofrem ou vivem a mesma coisa até hoje. Acho que a questão maior está na capacidade de aceitação, de acomodação. Resumindo: no tamanho do saco mesmo!!! Uns tem maior que outros. É isso.

Pra não dizer que não falo de flores, momentos felizes existem de verdade, mas é só isso. Momentos. Alguns momentos. Mesmo que esses durem um dia inteiro, ou uma semana (aí só no início, quando ainda está na sedução), um mês (pô! Aí já é sacanagem, um mês de sedução não existe mesmo). Voltando a falar sério, o que quero dizer é que enquanto não existem problemas conjuntos, isto é, enquanto cada um guarda seus problemas para si mesmo e procura resolvê-los sozinho, a convivência é pacífica e feliz e podem mesmo existir muitos momentos felizes por muito mais tempo que apenas um mês mas, quando se compartilham problemas, dificuldades, famílias então, filhos, quando já existem de relacionamentos anteriores ou os nossos mesmos, aí as coisas começam a estremecer por mais que se queira disfarçar e tentar conviver em nome do amor. Não há como manter o romantismo quando se misturam tantos temperos diferentes que, como dizem os doceiros, fazem desandar o doce na panela.
Viver até é possível, conviver é que torna as coisas mais complicadas. Quero dizer que quando ainda se pode viver em casas separadas as possibilidades do doce não desandar ainda pode existir, mas, é como eu digo, quando as coisas mudam, mudam as coisas.

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